10 anos depois, ganhadores de bolão da Mega Sena aguardam julgamento do caso no STJ

  • 21/02/2020

10 anos depois, ganhadores de bolão da Mega Sena aguardam julgamento do caso no STJ

Uma sensação indescritível, seguida de beliscões para ter certeza de que não estava sonhando. "Estou milionário", pensou o massoterapeuta Liandro Luís Leichtweis, no 21 de fevereiro de 2010, um domingo, quando acreditava ter sido um dos ganhadores de um bolão da Mega Sena que pagaria cerca de R$ 1,3 milhão. Do sonho ao pesadelo, foram poucas horas: já na segunda-feira, ficou sabendo que a aposta não havia sido registrada por uma funcionária da lotérica Esquina da Sorte, de Novo Hamburgo.

— Pena que o sonho durou um só dia — lamenta.

Passados 10 anos do sorteio, um grupo de 22 pessoas, entre elas Leichtweis, segue na Justiça contra a Caixa Econômica Federal buscando o direito de receber o valor devidamente corrigido, que hoje ultrapassaria R$ 2 milhões para cada um. Atualmente, o processo aguarda julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém ainda sem data para ser julgado.

— Ficaram com nosso dinheiro e não executaram o jogo. Se o dono da lotérica não fez o jogo, é responsabilidade da Caixa. Eu entrei em um estabelecimento credenciado por ela — reclama o homem de 58 anos que confia em um julgamento favorável ao grupo de acertadores.

Acompanhando o grupo desde o início da ação, o advogado Alexandre Marder, do Escritório Meister, Menke e Marder Advogados Associados, também está otimista quanto ao desfecho do caso. Ele defende que os clientes foram vítimas de um descuido em um procedimento pelo qual nunca tiveram controle e evoca o Código de Defesa do Consumidor para embasar sua tese.

— Como consumidores, eles tiveram um prejuízo que corresponde ao valor do prêmio. O fato de o jogo não ter sido registrado não pode prejudicar os apostadores que entraram em um estabelecimento com as cores da Caixa, fizeram a aposta, pagaram e quando foram sorteados não receberam nada — diz.

Coincidências

Era sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010, quando o corretor de seguros Roberto Dias Hoffmann entrou na Esquina da Sorte para pagar a conta do telefone antes de viajar para Gramado. Como era costume, foi fazer uma fezinha. Naquele momento, recebeu a oferta para participar do bolão. Ao deparar com os números, não titubeou e desembolsou R$ 11 para entrar. As dezenas eram semelhantes àquelas que ele tinha o hábito de escolher e coincidiam com as datas de nascimento dos filhos.


— Tinha várias opções de jogo, mas quando vi os números, pensei "vou pegar esse bolão" — relembra.

Foi só na segunda-feira, ao ler o jornal, que descobriu que poderia ser milionário. Tomou banho e foi até a lotérica.

— Vi que tinha um tumulto e seguranças na frente. Abordei um deles e perguntei: "Estão aqui por que ganharam na Mega?". E ele me respondeu: "Estamos aqui porque a aposta não foi feita".

Inicialmente frustrado, ele voltou para casa e dividiu o fato com a família, que o tranquilizou.

— Esse dinheiro é para o futuro. Se vier, tudo bem. Se não vier, vida que segue. Não posso julgar (a funcionária responsável pelo erro). Quem vai julgar são os juízes — ameniza.

Depois do episódio, a lotérica fechou suas portas. Seu proprietário foi absolvido do processo, enquanto a funcionária foi condenada após admitir o erro. Consultada sobre o processo, a Caixa não respondeu até a publicação desta reportagem.


Fonte: Gaúcha ZH


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